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Monday, April 22, 2013

Review do Raven Eyes Like Mirrors (US) sobre o álbum "Immortalis Factus" para a Encyclopedia Metallum = 90% (Versão Portuguesa)


"Depois de descobrir isto, o quase projeto one man band do Sacredos Magus com o seu álbum "Conclamatum Est", foi imperativo que eu arranjasse cada álbum desta banda de black / thrash metal / neofolk deliciosamente estranha e original. E agora, depois de repetidas audições sinto-me pronto para rever o seu segundo trabalho "Immortalis Factus". O que eu encontrei foi um álbum evolucionário, não excelente, mas com algumas canções absolutamente perfeitas. Aquele que veio depois de 6 anos de silêncio e representa a transição do velho para o novo. Tenham paciência comigo, esta é uma review complexa!...

Uma boa maneira de descrever o espírito de Antiquus Scriptum é "Battle Metal". Não é chocante ou "Evil" no tom. É sim indignado, clássico, exuberante, bem trabalhado e cheio de um charme juvenil quase punk / thrash e, em seguida, por cima de tudo isso temos alguns sintetizadores épicos e algumas passagens melancólicas, folclóricas e medievais. É como uma marcha de vitória de uma unidade de infantaria medieval, satisfeita com a luxúria da batalha. É muito estranho e talvez difícil de processar em primeiro lugar, mas se conseguirem passar o aspecto "one man band" e ouvirem com a mente aberta, vão encontrar algo totalmente original e divertido. De muitas maneiras, Antiquus Scriptum lembra-me como o inferno a banda chilena Bewitched (tirando toda a escoriácea conversa fiada do poder branco!).

O álbum anterior da banda, de 2002, foi um inferno total de brutalidade, uma peça para amar ou odiar com a sua programação de bateria furiosa e vocais de latidos thrash. No "Immortalis Factus", sente-se que o Magus teria ainda um monte de músicas que sobraram de então. A maioria das faixas de metal mais curtas consistem desta ardente e crivada explosão infernal, por vezes pontuada com intros de choros cristãos lamentando o seu destino. Uma clara exceção a isso é "O Adamastor", a canção que originalmente me convenceu a arranjar este álbum da banda. Com linhas vocais tiradas diretamente da poesia clássica portuguesa, esta faixa abstém-se das velocidades violentas e, em vez disso oferece-nos uns killer riffs como tudo e batidas médias ecoantes criando uma música tão cativante e impressionante que vocês não podem evitar de abanar a cabeça! Eu ficaria surpreso se alguém pudesse ouvir este sólido tema, e não o fizesse.

Este álbum é caótico. Tem partes que vai empurrar-vos diretamente para o inferno, enquanto em outros momentos é uma alegre experiência heroica. Às vezes, as músicas estão cheias de arrogância e tesão, e depois há algumas passagens melancólicas de ambient / folk e o Magus considera necessário criar um pouco de epiceno para cada peça. Já ouvi pessoas queixam-se dessa imprevisibilidade na música da banda antes e eu concordo que Antiquus Scriptum, especialmente neste álbum, é muito caótico, com muitas mudanças de humor, mas ouvindo atentamente, toda a música consegue ajustar-se conceitualmente. Todas estas variações parecem encaixar-se no mundo visual e lírico da história, guerra e mitologia medieval que a banda se esforça para alcançar, embora eu sinta que a música sofre um pouco sem o componente de banda completa, a sua originalidade é claramente um trabalho que apenas uma pessoa seria capaz de criar, livre do compromisso que uma banda geralmente implica, e com isso, nós somos capazes de ouvir um álbum que não pode ser comparado a qualquer outro. É este o seu crédito.

A principal força motriz por detrás Antiquus Scriptum é, eu sinto, o thrash clássico / riffs punkish e como eles são movidos pela bateria. Esta banda tem um poder que vocês não podem encontrar em muitos projetos de black metal. Um poder que é divertido e de um balanço cheio de indignação juvenil. A rejeição do Magus pelas grosas de black metal ou as rosnas death metal em favor de vocais thrash oldschool são claras e bem diferentes. O material mais antigo contêm esta entrega de uma forma mais primitiva e brutal. O material mais recente está mais bem escrito e elaborado, no "Immortalis Factus" temos ambas as coisas em menor grau. O trabalho rápido e brutal às vezes abrandada um pouco para deixar entrar mais elementos construídos, nele podemos ver a evolução da banda depois de tantos anos de ausência. No entanto é bom ouvir que essa mudança foi para melhor, os pontos altos dos riffs não são no entanto tão magistrais como no "Conclamatum Est". Além disso, porém, há uma nova camada épica e de música folk. Esta parte a banda dobrou em qualidade desde o primeiro álbum, os sintetizadores são um pouco mais variados e presentes nas canções de metal e os interlúdios acústicos têm uma excelente capacidade profissional e uma beleza estonteante, às vezes melhor do que quase todas as outras bandas de folk / black metal que há por aí em termos de ânimo e escrita. Seria interessante se o Magus fizesse um álbum somente de instrumentos tradicionais e teclados, ele tem um grande talento para isso. Eles ajudam a melhorar e a colorir o ponto central na evolução musical da banda. Embora o som ainda não esteja na sua maior perfeição, há muito bom material aqui, algo que iria exigir muito de escuta e um mais direto aprofundamento.

A arte do CD funciona muito bem com o conceito da banda e vai de mãos dadas com a sua música, com fotos das altas montanhas de Portugal, apesar de parecerem um pouco estranhas emparelhadas com as músicas mais brutais e bárbaras, elas ainda assim são agradáveis ​​ao olhar e boas para refletir com o conteúdo lírico mais folk e de segmentos mais ambient, embora fossem melhores se o texto fosse mais legível!

Então, no final temos uma banda no processo de limpar o seu estilo de composição antigo e avançando em frente e apesar do som ser muito caótico, eu acredito que ainda há muita carne aqui para aqueles que desejam algo novo e original.

Mas isto ainda não é o fim...

Eu tenho que fazer uma menção muito especial sobre este álbum. Há uma música aqui que é diferente de qualquer uma das outras... Algo que se destaca de tudo o resto, como se viesse de outro mundo e o efeito que teve sobre mim, foi o suficiente para eu escrever uma review apenas apenas sobre ela. É muito difícil descrever os meus sentimentos sobre esta peça, mas basta dizer que eu a considero a melhor canção de toda a discografia da banda.

Eu experimentei um monte de viking metal na minha vida, especialmente agora com este poderoso influxo de folk metal pagão. É um gênero que é meio difícil de classificar, mas muitas vezes tenho visto pessoas descrevem os riffs e idéias de viking metal de alta qualidade como tendo uma aura e som muito específico... Aquele que cria instantaneamente uma imagem viking na nossa cabeça... Quase que instantânea. Sabemos de imediato "que é um riff viking". Eu mesmo, contudo, não captei plenamente esse sentimento específico nos aspectos básicos da maioria das bandas de viking metal. Sendo a única exceção Hades (Nor) e sua demo, que é uma aura para mim. Alguns de Einherjer têm esse sentimento também, a maioria do folk metal que eu conheço são temas europeus pagãos de atmosfera épica, instrumentos tradicionais e cantos vocais e eu tenho muito prazer com isso. "A Viking Belief", no entanto... Foda-se... Eu sei que eles estão muito longe para eu dizer isto, mas esta peça parece sobrepor-se a todos eles. Apesar de não possuir o máximo de produção, tem o elemento mais importante do que falta a muitas bandas que é a composição.

Ao ouvir isto a melhor comparação que posso pensar é "Apzu", o grande tema que começa o álbum de Absu "The Sun Of Tiphareth". Como esse épico, o brilho desta música provém  inteiramente da maneira que os instrumentos são tecidos em conjunto e, em seguida, evoluem em uníssono. Grandes riffs não são a única coisa... Os tambores não são apenas um "apoio sólido". Tudo, letras, sintetizadores, riffs, partes colossais... Tudo está organizado em brilhante perfeição. Embora a bateria programada não seja tão complexa como o trabalho de Proscriptor, "A Viking Belief" progride muito mais gratificantemente e com mais qualidade satisfatória que a "Apzu". Isto é muito evidente assim que a peça é iniciada. Após a primeira entrada, somos apresentados à ideia principal num ritmo médio que tem um bom balanço lento de rock e depois começamos a entrar na cena... O Magus desenvolveu a peça progressivamente e em cada evolução de subtileza ela aumenta a intensidade. Quando a velocidade rebenta finalmente, esta evolução temática de repente progride num ritmo muito mais rápido em acoplamento com um aumento da intensidade e de repente o rock torna-se num killer headbang fodido! E ainda não satisfeito, o tema evolui mais uma vez até que o headbang é chicoteado num frenesi sanguinário e mesmo uma pessoa calma como eu só quer partir tudo! E no meio de toda esta algazarra, a guitarra apenas derrama livremente riffs todos entrelaçados em torno da ideia original do tema e é um êxtase orgástico! Neste ponto eu posso ver os heróis em Valhalla alegremente na batalha juntos. Perfeição! E então, quando o nosso pescoço está prestes a estalar e todo o nosso corpo está enfraquecido, o Magus finalmente completa o tema e mergulha num outro rock lento, profundo e térreo com baixos vocais ameaçadores de acústica rápida e flautas sombrias. Ele continua assim por um tempo até que uma nova ideia interrompe e a peça começa a evoluir e construir com intensidade mais uma vez! Mas, desta vez, antes de poder alcançar o apogeu da parte anterior, o mesmo velho tema cai de volta no mesmo ponto em que anteriormente apresentou o refrão principal. As vozes gritam o nome dos deuses nórdicos, a música desabrocha e tudo finalmente termina neste patamar épico.

Verdadeiramente esta peça é a maior composição que a banda já criou. Composição absolutamente impecável, muitos sintetizadores épicos e violas acústicas, mas passagens moshing insanamente killers... Tem tudo! E destaca-se de todos os outros trabalhos do "Immortalis Factus". Eu sinto que, talvez, esta canção foi o fim do material mais antigo da banda de cegante brutalidade programada (do qual a maioria das outras músicas do álbum consiste) e a gênese do som atual das obras posteriores de Scriptum Antiquus.

Para finalmente encerrar esta review, eu sinto que, apesar de não ser absolutamente perfeito, o caos total e a originalidade deste álbum, coroado com uma peça que está acima de tudo o que a banda criou até agora, com certeza faz com que este seja um álbum que vale a pena ouvir e eu aconselho, ouçam os outros álbuns deles para terem outra perspectiva também e vocês podem querer ouvir mais e mais e decidir como vocês se sentem sobre este épico surreal de thrash / black / folk que é o "Immortalis Factus". 
(Raven Eyes Like Mirros / Encyclopaedia Metallum = 90%)

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