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Thursday, July 25, 2013

Entrevista a Antiquus Scriptum por Fernando Reis (Ex-LOUD) para a wordpress Misantropia Extrema

Saudações Misantrópicas! Aqui vos deixo com a entrevista a Antiquus Scriptum feita pela Misantropia Extrema, a wordpress do meu amigo Fernando Reis (Ex-LOUD), para a qual ele faz a seguinte introdução... Obrigado a quem lê! Humildemente: Sacerdos Magus \m/ O \m/ 

. Para quem não sabe, Antiquus Scriptum é não apenas uma das mais antigas entidades de black metal em Portugal, como uma das mais ativas no underground, com diversos álbuns, compilações e lançamentos menores feitos desde 1998. «Ars Longa, Vita Brevis…», a nova proposta, refresca a abordagem épica, pagã e de influências thrash e folk do projeto, confirmando-o no grupo da liderança do lado mais tradicionalista do black metal português. O mentor, compositor e multi-instrumentista Sacerdos Magus ajudou-nos a perceber toda a conjuntura que rodeia a banda.

1 - Este foi o primeiro lançamento que fizeste deste projeto com uma formação completa "oficial". Porque deixou Antiquus Scriptum de ser um projeto a solo teu e passou a ser oficialmente uma banda?

Este não foi o primeiro lançamento com uma formação oficial, porque simplesmente A.S. não é, nem será de futuro uma banda convencional... Em todos os registos de estúdio foram convidados músicos a participar, como é o caso dos irmãos Vieira que são presença assídua em todas as gravações e outros amigos, mas o projeto é na verdade a minha one man band pessoal e não desejo alterar isso de maneira nenhuma! Sou eu que tomo punho do projeto, componho e escrevo tudo a título pessoal, pago as contas, ajudo a promover, etc... Só conto unicamente com a presença de músicos amigos em estúdio para enriquecer a musicalidade dos discos e ajudarem-me a alcançar campos e ideias que sozinho não domino a 100%. Não faço distinção na ficha técnica do CD, por exemplo, por retribuição de agradecimento a eles, mas na verdade A.S. nasceu pensado para ser o meu projeto pessoal, não uma banda e assim será pelos tempos...

2 - Já conhecias os irmãos Vieira de outras bandas, correto? Foi difícil convencê-los a participar mais ativamente na banda e neste disco?

Sim, conheço os irmão Veira desde os meus 19 annos, altura em que toquei com o Paulo e com o Gustavo em Firstborn Evil... Hoje o Ricardo Veira, o mais novo, também participa ativamente nos meus discos. Não é difícil convencê-los a participar nos álbuns, pois eles além de adorarem compor e gravar música, tal como eu, estão também de alguma forma ligados ao meio musical Underground. O Paulo Vieira, além de músico é produtor e é quem me grava e mistura os álbuns, além de participar como músico, por exemplo... A brincar, a brincar, tocamos juntos quase que ativamente desde 1995, anno que arrancamos com os Firstborn Evil. Depois eu saí em 98, mas eles sempre estiveram comigo, levando até as pessoas a pensar que eles são membros integrantes do projeto, ahah!! 18 Invernos de música juntos é muita fruta, principalmente neste estilo de música, sempre com as mesmas pessoas... O Gustavo será talvez a pessoa mais difícil de convencer de algo... Ele faz stand up comedy para além da música, atua de norte a sul do país e A.S. ainda trás uns bons meses de trabalho intensivo aquando da composição / gravações... Tem de ser tudo falado e combinado, mas chegamos sempre a bom porto, pois todas a gente encarna as personagens quando tem de ser! 

3 - Agora, com esta formação, existe alguma possibilidade de Antiquus Scritpum deixar de ser apenas um mero projeto de estúdio e dar alguns concertos? Alguma coisa "one-off" e especial, pelo menos?

Como te disse não o faremos, não sou só eu que penso assim... Os outros membros convidados também estão bem assim e por isso assim continuaremos. Eu gosto muito do espírito de projetos como Bathory, Burzum ou Darkthrone que têm esta filosofia, fiz este projeto a pensar nisso e quero respeitar este feeling sempre! Eles será por uma questão de terem as vidas deles, as bandas pessoais deles e não quererem compromissos com ninguém. Eu respeito isso, estamos bem assim! Já foi pensado um aparecimento "one-off", um aniversário ou assim, mas A.S. é muito complexo e exigente musicalmente e um concerto ao vivo com as condições ideais de uma aparição ao vivo, requereria meses e meses de empenho nesse mesmo concerto/s... Ficou de parte... Como te digo, A.S. tem um carisma diferente.

4 - Quais são as tuas principais influências e inspiração para a música de Antiquus Scriptum? Mudaram muito desde o início do projeto, em 1998?

Bom, o motor de arranque deste projeto a nível musical e de afirmação foi sem dúvida a segunda vaga de Black Metal na Europa nos annos 90. No entanto dizer isso é vago, analisando a quantidade de influências musicais que são encontradas na sonoridade do projeto... A costela Thrash nunca foi esquecida, por exemplo, a alegria do Folk está sempre presente, não em demasia, mas em quantidade suficiente. O aspeto sinfônico também realça, o espírito pagão e descomprometido das letras, a atitude quase Punk que tão bem caracteriza o projeto, tudo isso são pilares da fortaleza A.S. e não, as influências não mudaram... Ainda vivo muito no passado musical, embora esteja sempre a adquirir novo material, mas ainda são os mesmos velhos álbuns clássicos que me dão vontade de ter um projeto e gravar música!... 

5 - Existem algumas influências folk mais épicas neste lançamento. Este tipo de abordagem é algo limitado a este trabalho ou prevês ter mais influências desse gênero nas próximas edições?

As influências Folk e sinfônicas já são quase uma imagem de marca de A.S. e são usadas desde o início, não apenas neste trabalho... A diferença é que neste novo disco quase todas as partes Folk têm a presença do Zeto Feijão nos instrumentos tradicionais como gaita de foles, banjos, violinos e flautas tin whistle, dando outra dimensão à qualidade do "Folk", sem ser aquela coisa somente feita por um teclado... Eu estou sempre aberto a participações, sejam Folk, clássicas ou o que seja. Quando conheço alguém que possa trazer contributo musical ao projeto, não exito em convida-lo para estúdio, por tanto, espero que sim!...

6 - As tuas vocalizações são uma das coisas que transformam os Antiquus Scriptum em algo verdadeiramente único, especialmente o tom mais limpo, épico e heavy metal. As tuas influências musicais desse "lado" entram de uma forma natural na música que compões ou existe algum tipo de resistência e de ponderação no seu uso neste contexto?

É pá, obrigado! Olha, lembrei-me de fazer o que ainda não tinha passado pela cabeça de ninguém, fazer um projeto Black Metal com uma voz de Thrash Metal dos annos 80... Aceitei o risco de pôr uma voz de Thrash mais jovial, tipo as bandas que eu ouvia com os meus 16 annos e misturar uma sonoridade BM, que tanto me fascina também!... Na verdade eu tenho uma voz Black Metal um pouco à quem do que gostaria de fazer e como tenho um bom registo Thrash, tipo mid-Kreator, Destruction, etc, e resolvi misturar tudo num bolo juntamente, como já disse, com Folk, Ambient, Viking, Pagan, e porque não Death Metal, Grind ou Punk?! Pus tudo ao lume com as devidas quantidades e olha, saiu Antiquus Scriptum!...

7 - A faixa "In The Kingdom Of Superstition" é uma recuperação de um tema do primeiro álbum dos The Firstborn, com outra letra. Porque o recuperaste e porque lhe mudaste a letra?

Esse tema é a "Titans" do primeiro álbum de The Firstborn, agora modificada... É um tema meu de 1996 que os The Firstborn usaram no seu disco "From The Past Yet To Come", já após a minha saída da banda e que eu agora quis ressuscitar... Quis revisitar o tema, só isso, e para isso contei com a mestria do Paulo Vieira que tem quarta parte de composição na música e que me ajudou a recriar a faixa, mas não me apeteceu a estar a cantar a letra "Titans" do Bruno Fernandes para os The Firstborn, parecendo estar a fazer uma cover da minha própria música... Assim, resolvi dar-lhe uma nova roupagem à semelhança talvez com que o Dave Mustaine de Megadeth fez com a "Mechanix" no "Killing Is My Business... And Business Is Good!", que é a "The Four Horsemen" de Metallica, do "Kill'Em All", também com outra letra. Provavelmente o Dave fez isso pelas mesmas razões que eu fiz...

8 - Sobre o que falam, em termos gerais, as outras letras das músicas do álbum?

Antiquus Scriptum está permanentemente mergulhado num mundo medieval pagão, arcaico, obscuro e épico em tudo o que faz, mas há margem para letras mais introspetivas e pessoais, teorias cósmicas, lendas, mitologia e tudo o que se encaixe com o universo lírico do projeto, não somente neste disco, mas nos outros também... Consigo perfeitamente escrever uma letra de história num tema, de uma batalha épica, por exemplo, e a seguir escrever outro sobre uma doença psíquica, um ponto de vista pessoal, o excesso de poluição no planeta, etc... Em A.S. encontras tudo na dimensão certa, sem esforços. Músicas e letras entrelaçam-se mutuamente em volta de determinado assunto, pode ser ele moderno ou ancestral. Mais uma vez aqui as vertentes Black Metal e Thrash andam de mãos dadas...

9 - “A arte é longa, a vida é breve” é uma excelente máxima. Ocorre-te muitas vezes, quando estás a compor e a gravar música, que o documento daí resultante é algo que te vai sobreviver, que as pessoas poderão apreciar – e, consequentemente, julgar-te por ele – muitos, muitos anos depois de teres desaparecido fisicamente?

Eu já me dou por contente poder ouvir agora coisas de quando eu tinha 15, 17, 20 annos, não preciso de morrer, ahahah!! Não sei, velho... Não penso muito nisso, embora tenha a consciência que isso se passa dessa forma... Nós os músicos temos essa consciência, sim, e no Black Metal há muito essa certeza da presença eterna, da afirmação pelos tempos... Foi talvez por isso que eu já escrevi um tema chamado "Remember Me As King"... Venha esse julgamento, mas em vida se faz favor, que eu quero gozar do estatuto de estrela vivo, ahahah!

10 - Podemos esperar algum lançamento de Fangorn para este ano? O que podemos esperar dele, musicalmente?

Fangorn era um projeto embrionário de Black / Thrash / Folk que eu iria fazer com o Paulo Vieira, mas do qual tivemos de abandonar a ideia devido a barreiras internas e precalços que não conseguimos ultrapassar para pôr o projeto em atividade... Lamento informar, mas Fangorn não terá pernas para andar, pelo menos por enquanto... Vamos ver se um dia dá para se fazer alguma coisa, agora é complicado! Além disso, tenho os olhos postos já numa nova investida de Antiquus Scriptum, o que me levará naturalmente para uma jornada de dois ou três annos de volta de um disco até ele sair, depois promove-lo e por aí a fora... Aparte das questões internas, também não há grande espaço para projetos B atualmente!...

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